Cinema – “Django Libertado”
A pandemia que tem assolado o mundo afectou todos os sectores da sociedade. Na lenta reabertura às actividades culturais, o Cinema primou algumas iniciativas, quer dando a conhecer ou a rever obras famosas de grandes cineastas de épocas anteriores, quer proporcionando o debate de temas fulcrais de ontem e de hoje.
Entre os meses de Julho e Agosto surgiu a exibição de obras de autores diferentes focando o mesmo tema: o racismo e a escravatura. E vamos referir-nos a um desses filmes.
Estamos em 1858.
O Dr. Schultz que se intitula dentista e é também caçador de prémios percorre a sua terriola, os caminhos ásperos do Oeste dos Estados Unidos para oferecer os seus serviços e cumprir outros desígnios.
Num posto de mercado de venda de negros, lívidos, esfomeados, acorrentados, compra um negro que lhe parece mais musculoso e de olhar mais desperto.
Assim Django entra na sua vida.
O dentista promete libertá-lo se o ajudar a encontrar, entre vivos ou mortos, os irmãos Brittle, senhores cruéis e particularmente sanguinários que aterrorizavam os escravos e toda a população em volta.
Cumprida a tarefa, uma magistral missão infligida por Django aos assassinos, o Dr. Schultz, tal como prometera, liberta Django e toma-o ao seu serviço como ajudante.
Durante a longa viagem que vão empreender juntos Tarantino revela-nos a violência daqueles tempos: como são capturados os negros, submetidos à escravatura, sujeitos a suplícios incontáveis por supostas falhas de obediência.
Pelo caminho vão encontrando vastas plantações cujos donos enriquecem à custa do trabalho escravo. São senhores arrogantes, ciosos da sua supremacia branca.
Como ao Dr. Schultz repugna a escravatura ainda vai ajudar Django a encontrar a sua esposa Broomhilda cujo rasto perdera há muito. Conseguem assim chegar à plantação do poderoso Calvin Candie.
Dr. Schultz e Django, unidos e solidários, terão de lutar contra Candie e seus capatazes, contra ameaças de morte, preconceitos fortemente enraizados, racismo desenfreado, até conseguirem o resgate da jovem, não sem sacrifício.
O mais estranho é que em pleno século XXI ainda tenhamos de nos confrontar com os mesmos problemas. O filme obteve dois óscares em 2013: melhor actor secundário (Christoph Waltz) e o melhor argumento original.