A luta pela Democracia
O Orçamento de Estado para 2021, que neste número é profundamente analisado pelo economista Eugénio Rosa, num dos seus aspetos fundamentais, a receita, apresenta-se pouco consistente, diríamos mesmo irrealista.
No que respeita à despesa não é difícil concluir que os valores orçamentados são insuficientes para responder às atuais necessidades quer quanto ao apoio à atividade económica quer em relação ao SNS, que atravessa sérias dificuldades para cumprir a sua função insubstituível de defesa e promoção da saúde pública.
A verba a transferir para o SNS é, neste Orçamento, praticamente igual à de 2020!
Como acreditar no discurso governamental quanto ao seu empenho em dotar o SNS dos meios necessários ao cumprimento dos desafios que tem pela frente?
E a propósito, nunca é demais reafirmá-lo, há que destacar a importância dum Serviço Nacional de Saúde dotado de meios materiais e humanos, para realizar o direito constitucional à saúde de todos os portugueses, direito fundamental, insubstituível para assegurar o acesso a uma vida saudável que com os outros direitos fundamentais proporcionem uma existência capaz e digna, razão primeira de ser de uma democracia como a que está inscrita na nossa Constituição de Abril.
E por falar em democracia… saudemos a derrota de Donald Trump e do populismo nos EUA, verdadeira praga dum tempo globalmente dominado pelas ideologias liberais/capitalistas fomentadoras desses mesmos populismos, mais ou menos irracionais, mais ou menos demagógicos, mas com demasiada influência sobre aqueles que não compreendendo as razões dos seus desafortunamentos seguem um qualquer “purificador” da sociedade, “independente”, de fora do sistema, determinado a pôr ordem na casa!
E aí temos os Açores!
Democraticamente eles lá estão, democraticamente para desfigurar a seu jeito a democracia, democraticamente a tentar derrubá-la!
Alerta democratas: a democracia é obra de todos os dias e para que não seja minada tem de ser tão defendida como os seus inimigos a atacam!
Não basta acreditar que eles não passarão.
É preciso criar e recriar a todo o momento os meios para lhes travar a passagem!
E por fim temos as eleições presidenciais no próximo mês de janeiro.
Acto em que se devem empenhar todos os democratas, acto que deverá ser transformado em mais uma batalha pela democracia, em mais uma batalha para travar o passo aos seus inimigos, não deixando aos outros aquilo que só a cada um de nós compete fazer.