O filme conta-nos a história de Amina e Maria, que vai desvendar uma sociedade extremamente discriminatória a todos os níveis, com gritantes desigualdades de género.

Mãe e filha habitam num bairro dos arredores de N’Djamena, capital do Chade. Por ser mãe solteira, Amina é por vezes alvo de olhares depreciativos e risos de mofa dos vizinhos quando sai à rua.

Praticante convicta da religião muçulmana, Amina desespera ao saber que a sua filha Maria de 15 anos foi expulsa da escola por estar grávida. Vê repetir-se a sua própria situação. Quando engravidou de Maria foi expulsa de casa e rejeitada por toda a família. Mas a filha, determinada, anuncia-lhe que não quer aquele filho e vai abortar.

Num país onde o aborto é proibido pela religião e punido como crime pela lei, tal decisão é um sério problema. A jovem, ignorando proibições e condenações, insiste na sua escolha, pois só ela pode dispor do seu corpo. Então a mãe vai à procura de ajuda, batendo a várias portas. Haverá muitas recusas e desconfiança.

Um dia, porém, uma enfermeira indica-lhe o nome duma mulher que poderá apoiá-la. Esta indicará outra, e assim, sucessivamente, vão aparecendo novos contactos. Amina, envolvida numa onda de solidariedade, irá tecendo laços sagrados de proximidade, compreensão, generosidade e afecto com outras mulheres da sua comunidade, que recebem mãe e filha como irmãs.

É um filme feminista, reivindicativo, com cenas tocantes em que se manifestam os mais belos sentimentos humanos. É uma história que revela um facto importante: só unindo-se na luta contra as injustiças de que são vítimas as mulheres irão conseguir derrubar séculos de opressão e obscuridade.

O filme, que prima ainda pela excelente interpretação das personagens, concorre ao Festival de Cannes 2022 – Selecção oficial em competição.