Exposições – Recordar Manoel de Oliveira

Esteve patente na Fundação Calouste Gulbenkian, até Janeiro de 2022, uma exposição sob o título «Manoel de Oliveira Fotógrafo», que nos revela uma outra vertente do trabalho do cineasta.

A centena de fotografias, todas a preto e branco, datam de 1930 a meados de 1950 e fazem parte do arquivo pessoal do autor.

Recorde-se que Manoel de Oliveira é o único realizador que passou do cinema mudo ao falado e do preto e branco às cores, sempre com êxito.

Em 1942 exibiu a sua longa-metragem «Aniki-Bóbó». Posteriormente todos os seus projectos foram sistematicamente rejeitados pela ditadura de Salazar. Perante a dificuldade parte para a Alemanha onde frequentou os mais famosos “Laboratórios de Fotografia”.

Com o material adquirido realiza a curta-metragem «O Pintor e a Cidade» (1956), primeira experiência a cores, e obtém o “1º Prémio Internacional” do Festival de Cork (Irlanda).

As fotos agora expostas revelam um apurado trabalho de luminosidade. Luz e sombra, que tanto se projecta no interior duma tenda de saltimbanco como atravessa objectos vulgares (um jarro de água, uma laranja descascada sobre uma mesa,…) dando-lhes um aspecto irreal.

Várias vitrines apoiam a exposição contendo livros, catálogos de exposições, cadernos com notas do autor e ainda fotografias.

Numa das vitrinas destaca-se a foto duma jovem morta (Maria Antónia Carvalhais, prima de sua mulher, Isabel) que lhe vai inspirar o guião dum filme, em 1952, mas só conseguirá concretizá-lo em 2010, denominado «O Estranho Caso de Angélica».

A longevidade de Manoel de Oliveira (faleceu aos 106 anos em plena laboração dum novo projecto) permitiu-lhe realizar magníficos filmes após o 25 de Abril, enriquecendo o cinema português.

A exposição fotográfica pormenorizada e muito completa, homenageia o talento e estética do cineasta português de projecção internacional.