No Gabinete de Imprensa do Congresso

Cheguei bem cedo a Aveiro.

Meti férias na “A Capital“ por uns dias e apresentei-me ao dr. Neto Brandão para fazer parte do Gabinete de Imprensa do Congresso.

No Congresso anterior, em 1969, fiz parte de uma equipa da “Vida Mundial“ que realizara uma grande reportagem no Congresso (Armando Pereira da Silva e Diana A. eram os meus colegas).

A Edição da “Vida Mundial“ esgotara-se.

Desta vez em 1973 fazia parte do Gabinete de Imprensa do Congresso.

Já tínhamos inscrições internacionais, entre elas alguns dos jornalistas que trabalhavam como correspondentes em Lisboa, outros vinham de Madrid e até de outras cidades europeias.

O Mário Rodrigues e o Neto Brandão asseguraram-me o hotel enquanto chegavam os primeiros jornalistas estrangeiros e os representantes da imprensa portuguesa.

Em breve chegou Helena Neves minha antiga companheira de trabalho na Mesa Redonda do Diário de Lisboa em 1970/71 e João Paulo Guerra.

Reunimos o Gabinete de Imprensa e decidimos abrir as inscrições a todos os jornalistas que se apresentassem.

Na “A Capital“ tinham decidido enviar Luís de Barros como jornalista para a reportagem.

Era Presidente do Sindicato de Jornalistas e foi para nós um grande apoio no contacto com os outros jornalistas.

Pelo “O Século“ estava Corregedor da Fonseca que assegurara telex no quarto e que era um excelente jornalista e conhecido democrata.

Na “República” Figueiredo Filipe que mais tarde estaria preso político em 1974.

A presença de tantos jornalistas progressistas facilitava o nosso trabalho no Gabinete de Imprensa.

Durante a Romagem ao cemitério os jornalistas presentes trouxeram-nos informações muito importantes sobre a repressão efetuada que facilitámos a outros jornalistas.

Nas fotos destacava-se Sérgio Valente.

Alice Sena Lopes durante a Romagem ao Cemitério guardou na sua roupa interior um rolo de Paco da Europa Press que permitiu a posterior divulgação entre jornalistas das fotos da repressão em Aveiro.

Um momento comovente quando o Congresso decidiu uma Moção de Apoio ao Gabinete de Imprensa e fomos aplaudidos por todo o Congresso.

Um escultor que tinha feito a Medalha do Congresso ofereceu-me então a cópia da Medalha.

No final do Congresso reunimos todos os documentos do Congresso.

O Capitão Maltez veio então ameaçar-nos dizendo que os documentos poderiam ser apreendidos.

Tínhamos um prazo até às 19 horas e nos carros de Joaquim Gorjão Duarte e de João Paulo Guerra conseguimos levar todos os documentos do Congresso até Leiria onde o dr. Vareda os guardou e os protegeu da ofensiva policial.

Esconder a Edição das Teses, editadas pela Seara Nova, foi necessário encontrar um local para as guardar.

Chamado à Seara Nova para falar com Garibaldi e António Reis lá me comprometi a encontrar um local onde estivessem seguras.

Começou aí uma nova aventura.