Voltou recentemente aos écrans a poderosa história duma família iraniana, envolta sempre em discussões e desavenças que só parece unir-se quando a saúde dum deles possa estar em perigo.

Leila, mulher jovem, determinada e inventiva há muito que cuida dos pais e dos seus quatro irmãos.

Estes, actualmente desempregados, despedidos duma grande empresa que anuncia ir fazer remodelações, mas sem prejuízo para os seus operários, que receberão os salários em atraso e um subsídio durante este período. Esta última declaração é falsa e nenhum dos despedidos receberá qualquer compensação.

Leila é espantosa na procura dum posto de trabalho para os seus irmãos, apesar da discordância deles muitas vezes. A irmã insurge-se contra o pai que guarda preciosas moedas que poderiam ajudar a família mas que ele guarda para outros fins.

Afinal as moedas vão ser entregues a um primo rico que festeja o casamento dum filho e que sempre tem humilhado e desprezado o parente pobre.

No dia da festa o veterano é homenageado com música, dança e constantes elogios, sendo-lhe atribuído o título de “chefe do clã”, que ele há muito cobiçava.

Mas repentinamente no frenesim festivo dá-se uma mudança radical quando se procede à contagem do dinheiro ofertado e se descobre a ausência de algumas moedas na quantia doada pelo primo. Assim, rapidamente o homenageado é arrancado com violência do seu pedestal e atirado para um canto, substituído por outro.

É impressionante a reacção do ofendido. No seu rosto reflecte-se a perplexidade (pois desconhece que Leila retirava algumas moedas a pensar na família), o espanto da surpresa, o medo do presente e do futuro, a vergonha e a dor do vexame público.

A incansável luta de Leila contra a pobreza não resulta.

O cineasta mostra-nos com esta história o estado do seu país: um Irão com imensas dificuldades económicas causadas pelas sanções internacionais que sufocam as populações.

A exibição do filme, que recebeu as mais altas classificações da crítica internacional, continua a ser proibida no Irão.