Manuel Gusmão (1945-2023)
Académico de elevado mérito que marcou os que beneficiaram do seu saber em Portugal e por diversos países da Europa e de fora da Europa, Manuel Gusmão, foi um ensaísta e crítico literário prestigiado e reconhecido pelos seus pares e pelo público conhecedor da sua obra. Foi ainda um poeta cuja capacidade criativa lhe permitiu construir um discurso próprio de grande intensidade e profundidade poética reconhecido e, por diversas vezes, premiado.
«O mais interessante, aliás, é que consegue aliar a intervenção pública e política (referindo-nos aqui à sua ligação com o PCP de há longa data) com o trabalho poético e crítico sem cair em duas posições típicas: ou na colonização da poesia pela política, fazendo da primeira um meio da última, ou criando um abismo entre ambos, como se a poesia nada tivesse a dizer sobre a política e esta nada feito chegar à primeira.» (João Valente Aguiar, em Crítica e Sociedade: Revista de cultura política, Jul./Dez. 2001).
«Manuel Gusmão situa-se no quadro do marxismo clássico. Contudo, penso que o mérito do autor não passa por enunciar princípios e conceitos caros a essa tradição mas de os municiar de um modo criativo, e isto tanto do ponto de vista ontológico como do ponto de vista poético. Nesta última vertente é inquestionável o labor textual do autor, impossibilitando qualquer colagem a uma arte panfletária.» (João Oliveira Duarte em Revista Caliban de 20/6/2016).
Recebeu o seu primeiro prémio, o Prémio PEN Clube Português de Poesia, em 1996, com “Mapas, o assombro a sombra”, prémio que volta a receber, em 2008, com “A Terceira Mão”, obra que também lhe proporciona, em 2009, o Grande Prémio de Literatura DST. Com a obra “Teatros do Tempo”, é-lhe atribuído, em 2001, o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores e, em 2002, o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava.
Recebe o Prémio Vergílio Ferreira, pelo conjunto da sua obra literária, em 2005 e o Grande Prémio de Literatura DST de 2009, com “A Terceira Mão”.
Com “Finisterra, o Trabalho do Fim: reCitar a Origem”, é-lhe atribuído o Prémio PEN Clube Português de Ensaio de 2009.
Em 2011 recebe o Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho por “Tatuagem & Palimpsesto: da poesia em alguns poetas e poemas” e, em 2014, o Prémio de Poesia António Gedeão pelo “Pequeno Tratado das Figuras”.
Colaborador da Seara Nova em diversos números, foi, no final de 1975, por dois números, seu Director Interino. Militante político marxista, deu, com a sua grande capacidade intelectual, um grande e precioso contributo para o esclarecimento e compreensão de aspectos fundamentais da obra filosófica de Marx.
Escreveu o libreto da ópera, com música de António Pinho Vargas, “Os Dias Levantados” para a comemoração dos 25 anos do 25 de Abril.