Censura
Introdução
Após o golpe militar de 28 de Maio de 1926, é instituído um regime de censura prévia. Em 1933, a censura é instituída através da Constituição e do decreto-lei nº 22.469. Na imprensa periódica (onde ficou conhecida por "lápis azul") a Censura suprimia, alterava, cortava. Palavras, expressões ou parágrafos inteiros eram eliminados. A revista Seara Nova ficou assim, também ela, sujeita à repressão sobre as liberdades de expressão e informação imposta pela ditadura. O dístico "Visado pela Comissão de Censura" aparece, pela primeira vez, no seu número 94, de 8 de Julho de 1926. Em 12 de Agosto de 1926, é interrompida a saída normal da revista, que foi assim justificada: “A nossa obra, de doutrina e crítica, (…) não se coaduna com o lápis censurial de oficiais". Informando-se ainda: “Estamos a coleccionar os artigos cortados por eles; se chegarem para dar um número, sairão, em melhores dias, com uma dedicatória solene aos censores.”
ler mais
Em 14 de Abril de 1927, a revista volta a sair, depois de oito meses de interregno, com quase toda a sua anterior direcção no exílio, casos de António Sérgio, Raul Proença, Jaime Cortesão e Sarmento Pimentel, situação que mereceu de Câmara Reys, um dos poucos directores que não foi obrigado a exilar-se, o seguinte comentário: "Não foi só pela ausência temporária da maior parte dos seus redactores que a Seara Nova demorou muito a sua publicação, agora de novo regularizada. A actual situação, não é animadora para a realização da tarefa que iniciámos há cinco anos. Mas o nosso silêncio, também o reconhecemos, não podia prolongar-se por mais tempo".
ler mais
“A Seara Nova constituía também uma plataforma que aglutinava intelectuais de diversos sectores ideológicos empenhados na denúncia do regime e no reforço da luta anti-fascista. A Seara Nova era assim uma espécie de "caldeira" em que várias ideias e concepções da sociedade e do futuro se encontravam, convergindo em iniciativas unitárias e formas de intervenção cívica e política em prol da democracia e da liberdade. Ora se aproveitavam as limitadas oportunidades no plano legal; ora se participava em acções clandestinas como foi o envolvimento de numerosos seareiros nas Juntas de Acção Patriótica.”
ler mais