Porque «…todo o mundo é composto de mudança… » (Camões), achamos por bem proceder à renovação do aspecto gráfico geral da nossa Seara. Agora, prestes a tornar-se centenária, pensámos que merecia este tratamento que a irá tornar mais atrativa e de fácil leitura. Isto sem que sejam prejudicados os conteúdos que são a razão maior para continuar a existir.
E, a propósito, passamos a citar o início do editorial do seu primeiro número saído em outubro de 1921. «A Seara Nova representa o esforço de alguns intelectuais, alheados dos partidos políticos mas não da vida política, para que se erga acima do miserável circo onde se debatem os interesses inconfessáveis das clientelas e das oligarquias plutocráticas, uma atmosfera mais pura em que se faça ouvir o protesto das mais altivas consciências, e em que se formulem e imponham, por uma propaganda larga e profunda, as reformas necessárias à vida nacional. Não comunga ela no vão e pernicioso sofisma de que são os políticos os únicos culpados da nossa situação…».
Passemos para o nosso tempo, inverno de 2019. Mais um inverno do nosso crónico descontentamento?
Em grande parte sim, porque continuamos a ver o caudal das mais diversas misérias aumentar e ultrapassar por vezes mesmo o que tínhamos por inimaginável. Mas ao lado desse caudal de características negativas, outro caudal de de carácter positivo engrossa quer na qualidade das relações dentro das diversas “células” da sociedade quer na crescente produção de ciência que para além do bem estar que proporciona contribui para o desmoronamento de mitos e certezas que se tinham por eternas.
Entretanto, no nosso país, é de assinalar a entrada em funções do novo governo saído das eleições legislativas de outubro, eleições que, proporcionando a entrada de novas forças políticas no parlamento (com muito pequena expressão), não alteraram significativamente a correlação anteriormente existente. Poder-se-á mesmo afirmar, com as devidas reticências, que a esquerda continua em maioria. E, porque é também nossa a batalha do progresso e da justiça com vista a que o caudal dos nossos descontentamentos se vá progressivamente reduzindo, formulamos votos de que a positiva experiência governativa anterior inspire, nas actuais circunstâncias, uma acção de entendimento produtivo no sentido da construção de soluções efectivas e consistentes para os mais graves problemas do país nomeadamente os de carácter social.
O mundo, o nosso grande e o nosso pequeno mundo, estão, por via do nosso crescente conhecimento, cada vez mais nas nossas mãos.
Tratêmo-lo bem!