Reúnam-se, renovem-se, as Forças!
(…) cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Duma austera, apagada e vil tristeza.
Lusíadas, Canto X
E aí temos mais um Orçamento de Estado! Aprovado com os votos a favor do PS, os votos contra do PSD, Chega, IL, PCP e BE e com a abstenção do PAN e do Livre.
E as políticas? E as medidas? Um orçamento que sofreu poucas alterações face à proposta inicial do Governo e com pouco impacto orçamental.
Enquanto o custo de vida da generalidade dos portugueses aumenta, com a subida do preço das despesas básicas – alimentação, energia e habitação, sem que haja um aumento justo dos salários, assistimos ao aumento brutal (e mesmo vergonhoso) dos lucros dos grandes grupos económicos.
Faltam medidas concretas e urgentes que resolvam a falta de médicos e enfermeiros nos hospitais, a falta de professores e auxiliares nas escolas e que travem a escalada dos preços dos bens essenciais, dos custos energéticos e da habitação. É necessário que o aumento dos salários e das pensões seja real e efectivo e que possibilite aliviar o sufoco a que estão entregues a grande maioria dos portugueses.
De fora ficaram medidas como a tributação dos superlucros dos grandes grupos económicos e a extinção dos vistos gold.
E agora Marcelo, o nosso presidente, em declarações aos jornalistas em Leiria em 22 de Novembro: “evidente que a intervenção da seleção portuguesa de futebol é uma forma de projeção do interesse nacional tão forte, tão forte, que o seu capitão é a pessoa mais conhecida do mundo como português e das mais conhecidas do mundo em termos globais e serve – como está a acontecer agora nos Estados Unidos da América – para uma campanha pública da marca Portugal”.
“Portanto, a presença da seleção é uma forma de presença de Portugal e dos interesses portugueses, e entra dentro da lógica que tem sido seguida até agora na política externa portuguesa”.
“a seleção portuguesa tem uma visibilidade e um peso internacional óbvio, não vale a pena desmentir, é assim, e, portanto, é Portugal que está representado por embaixadores muito qualificados”.
O Futebol, ainda Fátima e o Fado!
Assim vai Portugal.
E pagando tudo isto o Povo, os trabalhadores.
O nosso fado!
Urgências hospitalares entupidas, falta de meios materiais e humanos. Mas o sr. ministro das Finanças fala em mais dinheiro para a Saúde! E há o Plano de Resiliência e Recuperação! E há um Primeiro-Ministro e todo o seu Governo repleto de ministros altamente competentes e dedicados!
E há, claro, um Presidente da República atento e activo que velará para que tudo se cumpra, a favor do bem do povo e da Nação!
E há as chagas sociais (corrupção, compadrio, violência social, exploração ilegal de trabalhadores, insuficiente protecção social …)
Há em Portugal gente inteligente e competente, há na política gente inteligente e competente. O Poder Político pode recorrer à inteligência disponível na nossa sociedade. Porquê então tão fraco desempenho do País nas mais diversas vertentes da atividade nacional?
Há algo que é preciso desatar para enterrar de vez este fado, este fado hoje dependente da nova pimenta e do novo oiro, o Turismo! Como se o nosso destino fosse Servir!
Reúnam-se, renovem-se, as Forças!
P.S.: E lá se foi o Futebol! Mas, senhor Presidente, ainda há Fátima e o Fado!