CINEMA – Aqueles Que Ficaram

Este filme, estreado em 17 de Outubro de 2024, no Auditório Camões, não é um simples documentário. É um filme documento-vivo, já que os protagonistas são os descendentes dos opositores à ditadura de Salazar, que foram presos pela polícia política (PIDE) e estavam retidos nas diversas prisões do país (Penitenciária, Caxias, Peniche), onde permaneciam largos anos sem fim.
Os homens e mulheres que surgem no ecrã, devidamente identificados, são as vítimas da retaguarda dum regime opressor que os marcou para sempre. Com dignidade e firmeza contam-nos a sua vivência experienciada.
Crianças afastadas do carinho das mães, do amor dos pais, nunca tiveram infância. Nunca brincaram com outras crianças, nunca tiveram amigos/as. Muito novinhas eram afastadas das mães e estavam entregues a avós ou desconhecidos. Crianças vivendo sempre isoladas, rejeitadas pelo meio envolvente: Uma menina de dois anos, sentada num banco duma igreja cheia de fiéis, é interpelada pelo padre, anunciando-lhe que não pertence àquele lugar, pondo-a na rua. A vergonha, o sofrimento e a revolta daquela menina!
Também na escola os filhos/as dos presos políticos continuam isolados. Os colegas não brincam com eles no recreio, não os abordam, prevenidos pelos pais.
Os adultos que nos enfrentam, cujos rostos são iluminados por um jogo de luzes perfeito, expõem a sua vida em ferida aberta, ora com veemência e revolta, ora contendo a forte emoção que lhes causam as recordações evocadas.
Por todos eles é sentido que os seus pais, heroicos combatentes contra a ditadura, um regime opressor, nunca tiveram a reparação a que tinham direito. Foram completamente esquecidos.
Mas aqui está este filme que homenageia com respeito e emoção os combatentes de então e seus descendentes, para avivar a memória, para que não se esqueça o que aconteceu.
Após a exibição, o público, que viveu fortes emoções, ovacionou com calor a obra e os realizadores, com prolongados aplausos.
Este documento-vivo merece forte expansão para alertar, para prevenir o presente e preparar o futuro.
Próximas exibições:
- 3 de Abril, 21h – Auditório Municipal de Alcácer do Sal
- 4 de Abril, 21h30 – Auditório Municipal do Fórum Cultural do Seixal
- 5 de Abril, 21h30 – Biblioteca Municipal Dr. Hermínio Paciência, Alpiarça
- 11 de Abril, 18h – Casa da Cidadania Cabós Gonçalves, Barreiro
- 15 de Abril, 18h – Museu do Aljube, Lisboa
- 16 de Abril, 21h30 – Teatro Sá da Bandeira, Santarém
- 24 de Abril – RTP2 (prevista, sujeita a confirmação)
- 26 de Abril, 17h – Auditório Templo da Poesia, Oeiras
- 29 de Abril, 18h – Coimbra (Local a confirmar)
- 30 de Abril, 17h – Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, Lisboa
- 2 de Maio, 18h – Salão Central Eborense, Évora
- 22 de Maio, 21h – Gnration, Braga