Poesia – O dilúvio e a árvore

Quando a tempestade satânica chegou e se espalhou

No dia do dilúvio negro lançado

Sobre a boa terra verdejante

“Eles” contemplaram.

Os céus ocidentais ressoaram com explicações de regozijo:

“A Árvore caiu!

O grande tronco está esmagado! O dilúvio deixou a Árvore sem vida!”

Caiu realmente a Árvore?

Nunca! Nem com os nossos rios vermelhos correndo para sempre,

Nem enquanto o vinho dos nossos membros despedaçados

Saciar nossas raízes sequiosas

Raízes árabes vivas

Penetrando profundamente na terra.

Quando a Árvore se erguer, os ramos

Vão florir verdes e viçosos ao sol

O riso da Árvore desfolhará

Debaixo do sol

E os pássaros voltarão

Sim, os pássaros voltarão com certeza

Voltarão.

 

in Pequena Antologia da Poesia Palestiniana Contemporânea, Edições ASA, 2004

Fadwa Tuqan

(1917-2003)
Poetisa palestina

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