Cinema – “Cry Macho – A Redenção”
Clint Eastwood está de volta para nos contar as suas histórias de grande humanismo que nos comovem. Lembre-se que o actor começou a filmar em 1970 entre uma geração desiludida com o fim do “sonho americano”.
Desde então o actor-realizador continua a questionar a sociedade americana, as suas instituições que não cumprem com o que lhes é devido.
Tantas vezes incompreendido pela crítica, Clint Eastwood mantém-se fiel ao seu classicismo, às suas ideias e convicções.
A música que apresenta o filme Cry Macho é duma beleza surpreendente, emotiva.
Um antigo campeão de “rodeos”, agora retirado, é incumbido duma missão pelo seu ex-patrão: trazer-lhe o filho de além-fronteiras até ao México para lhe dar tudo a que tem direito e que sempre lhe sonegou durante anos.
O veterano descobre o jovem latino Rafa vivendo na rua para fugir a uma mãe que o odeia e a um padrasto que o maltrata.
Odeia tudo e todos, não confia em ninguém, pois à sua volta só vê mentiras e violência. Para sobreviver é preciso também usar a violência, é o que afirma o jovem.
Aceita acompanhar o veterano levando consigo o seu galo de combate denominado “Macho”.
É uma história que se desenrola com vagar, permitindo o diálogo, a confissão de feridas abertas, o conhecimento mútuo das personagens.
Acidentes de percurso levam-nos a parar numa aldeia mexicana, onde Marta os acolhe solidariamente com os seus netos.
No convívio, o veterano revela o seu fino humor, a sua capacidade de amar, a sua ternura lendo histórias às crianças antes de adormecerem. Para o jovem tal ambiente é uma revelação e de boa vontade ficaria ali para sempre.
Chegados à fronteira, Rafa tem uma breve hesitação olhando o pai que o espera e o amigo (pois finalmente tem um amigo) que o trouxe, decidindo-se a entregar a este último o seu bem mais precioso, o galo “Macho” e parte.
Os enquadramentos muito bem delineados, as surpreendentes paisagens que se descobrem por vezes, são a particularidade do estilo clássico deste genial cineasta, denominado «O último gigante de Holywood».